Hélio Bentes, vocalista da banda Ponto de Equlíbrio, nasceu no Rio de Janeiro em 19/05/1981 e tem uma herança musical forte. Sua mãe era firmada na umbanda e seu pai era crooner de uma banda e costumava gravar o filho cantar. Em 1997, sem abandonar a veia artística, tentou a vida em diferentes empregos enquanto se aventurava na carreira de Mc (termo usado para definir cantores de rap). Nessa época conheceu artistas do gênero como Mano Brown, Ed Rock, Ice Blue e KL Jay e é muito grato a todos.
Começou a escutar reggae aos 14 anos e nunca mais parou. Em 1999 conheceu Ras André e através dele os outros integrantes da banda e com a filosofia rastafári integrada ao seu pensamento musical, começaram a compor algumas das suas principais canções com violões e bongôs e assim nascia a PDE, banda de reggae que está proclamando sua música ideológica aos quatro ventos. Nascido e criado no famoso bairro de Vila Isabel, ele tem no sangue o samba e balanço na voz. A equipe do Notícias Reggae (que no momento sou apenas eu...) compareceu à República do Reggae no último sábado - importante evento do calendário regueiro de Salvador - e conseguiu uma rápida entrevista para matar a curiosidade da nação regueira de Salvador e de até onde a internet alcançar:
João Barreto: Suas músicas não seguem um padrão radiofônico. De onde vocês acham que vem o sucesso de hoje?
Hélio Bentes: A palavra sucesso na verdade é um pouco complexa, pois o sucesso está nas pequenas grandes coisas. (pausa para fãs que entram à procura de fotos). A gente teve o princípio de que a música é baseada naquilo que a gente sempre quis, né? De fazer uma música reggae voltada pra as suas raízes, entendeu? Não que a gente não pudesse misturar com outras vertentes de música, porque o reggae nasce de diferentes influências de música e também com o tempo e como a gente tem essa música, como você disse, não radiofônica, e por a gente ouvir e tocar muito reggae de raiz, assimilar aquilo, né? Quem ouve uma música mais de raiz assim acaba sendo mais colecionador, acaba sendo bem fã daquela música ali mesmo e tal. Então a gente foi conquistando cada vez mais público, aquele público que gosta de reggae, novas pessoas que tavam começando a ouvir. O reggae da forma que a gente gosta de fazer é o reggae que da forma que muitas pessoas gostam de ouvir e hoje em dia essa expansão, essa força que o público tem, essa fidelidade que o público tem com a gente e que a gente tem com nosso público faz com que outras pessoas queiram conhecer a nossa música. Então o sucesso taí como eu digo. Nas pequenas grandes coisas. A gente vem sendo bem sucedido na forma de trabalhar, na forma de lidar com a música, com nosso público e vice-versa.
J.B: Então o sucesso vem da espontaneidade, na autenticidade do trabalho que vocês fazem? Vem da galera que realmente curte.
H.B: Isso!
J.B: São todos rastafári no grupo?
H.B: Olha... de coração eu posso dizer que são. A gente faz uma música rastafári. Algumas pessoas são ligadas ao rastafári pela música, entendeu? Com a música reggae sendo uma religião e como o reggae vem de rastafári ele é rastafári dessa forma. Eu e o Ras André que tá aqui agora, (que não quis se pronunciar... estava “na dele”) a gente faz parte de um grupo lá no Rio que se chama Congregação Niyabinghi Raiz Rastafári. A gente faz alguns encontros com tambor. Encontro religioso com toque que vem pra batida do coração africano. Retorno à África. E desse grupo também saem oficinas que auxiliam crianças e pessoas mais velhas, né? Desde o começo da banda que a gente é ligado com essa cultura rastafári, que tem muito a ensinar ao povo brasileiro.
João Barreto: Esta é a quarta vez que vocês vêm a Salvador. Alguma observação a respeito do povo ou da cidade ou foram passagens muito relâmpago?
H.B: Várias observações. Aqui chegaram as primeiras embarcações de navios negreiros. Aqui que tá concentrada a maior parte de afro descendentes do Brasil. Isso reflete muito na comida, na música, na forma de viver, na cultura, né? A gente observa que a cultura africana aqui de raiz iorubá é muito forte, e a gente tá tocando aqui pra esse público sentir a vibração verdadeira das nossas raízes. Iorubá mesmo, né?
J.B: É verdade. O que vocês acham do reggae da Bahia?
H.B: O reggae da Bahia tem muito a ensinar, né cara? O reggae da Bahia é muito bom. Como eu disse aqui tem muito afro descendente. A raiz do reggae é da Jamaica e também vem com essa mesma pegada. Temos aí o Edson Gomes e muitas bandas boas. O reggae daqui é autêntico.
J.B: Então o reggae da Bahia é bem visto lá fora?
H.B: Com certeza. E estar sendo bem aceito aqui na Bahia pelos outros músicos das outras bandas e pelo público pra gente é muito bom, muito importante. Gratificante.
J.B: É merecido vocês podem ter certeza disso. Vocês dão um grito importante pra música reggae. Como vocês enxergam o futuro do reggae no Brasil? Vocês que tão dando uma geral em cada canto do país...
H.B: Há um tempo atrás tava um modismo, muitas bandas aparecendo e tal. E agora tá ficando quem faz um reggae verdadeiro, quem veio pra ficar, não querendo desmerecer as outras coisas. É delicado falar disso, mas o que é verdadeiro é o que vai ficar mesmo e o que é falso é o que vai cair, e eu vejo que o futuro do reggae tá caminhando pra ficar cada vez mais fino, cada vez mais peneirado, então vai melhorar. Espero que melhore a qualidade musicalmente e espiritualmente.
J.B: Como a banda compõe?
H.B: Às vezes tem várias formas da gente compor, né? Como meu amigo Ras André (ainda no canto dele. Tranqüilão.) disse uma vez e costumo repetir: a inspiração tá no ar. Basta a gente ir catando, né? Em princípio é dessa forma. A gente pode estar tocando um groove e sair uma letra, ou uma viola, ou já letra feita e depois é só botar a música, a melodia. De diversas formas a gente compõe e faz as músicas. Ela chega pra gente.
J.B: Inspiração é a regra, o momento é o que diz, não é?
H.B: Isso. Exatamente.
J.B: A estrela de Davi é o símbolo da banda, não é isso? Qual a relação da banda com a Estrela de Davi?
H.B: A estrela de Davi que tem um ponto de luz no meio que representa o ponto de equilíbrio que é uma coisa que a gente tá buscando ainda. É o que a gente pode chamar de uma nova era que vai vir nas crianças que tão chegando agora, (...) uma nova informação que a gente quer passar pra essas crianças pra que a gente um dia possa encontrar esse ponto de equilíbrio, e a Estrela de Davi representa o que acontece em cima é o que acontece embaixo; o que acontece embaixo é o reflexo do que acontece em cima, né? Feminino, masculino, o bem e o mal. É o equilíbrio e o ponto no meio.
J.B: Alguma mensagem para os leitores da Notícias Reggae?
H.B: Minha mensagem principal é respeito. Respeito aos seus irmãos, porque a partir do respeito a gente pode começar a amar, né? Começar a ver a luz do próximo, não querer o mal de ninguém, né? Sempre querer o que é nosso, conquistando o nosso espaço, conquistando os nossos direitos, conquistando os nossos irmãos, amigos, né? Fazendo sempre o bem, querendo sempre a paz... e muita música no coração e espírito elevado.
J.B: Hélio, muito obrigado pela oportunidade! A galera do Notícias Reggae agradece bastante!
Começou a escutar reggae aos 14 anos e nunca mais parou. Em 1999 conheceu Ras André e através dele os outros integrantes da banda e com a filosofia rastafári integrada ao seu pensamento musical, começaram a compor algumas das suas principais canções com violões e bongôs e assim nascia a PDE, banda de reggae que está proclamando sua música ideológica aos quatro ventos. Nascido e criado no famoso bairro de Vila Isabel, ele tem no sangue o samba e balanço na voz. A equipe do Notícias Reggae (que no momento sou apenas eu...) compareceu à República do Reggae no último sábado - importante evento do calendário regueiro de Salvador - e conseguiu uma rápida entrevista para matar a curiosidade da nação regueira de Salvador e de até onde a internet alcançar:
João Barreto: Suas músicas não seguem um padrão radiofônico. De onde vocês acham que vem o sucesso de hoje?
Hélio Bentes: A palavra sucesso na verdade é um pouco complexa, pois o sucesso está nas pequenas grandes coisas. (pausa para fãs que entram à procura de fotos). A gente teve o princípio de que a música é baseada naquilo que a gente sempre quis, né? De fazer uma música reggae voltada pra as suas raízes, entendeu? Não que a gente não pudesse misturar com outras vertentes de música, porque o reggae nasce de diferentes influências de música e também com o tempo e como a gente tem essa música, como você disse, não radiofônica, e por a gente ouvir e tocar muito reggae de raiz, assimilar aquilo, né? Quem ouve uma música mais de raiz assim acaba sendo mais colecionador, acaba sendo bem fã daquela música ali mesmo e tal. Então a gente foi conquistando cada vez mais público, aquele público que gosta de reggae, novas pessoas que tavam começando a ouvir. O reggae da forma que a gente gosta de fazer é o reggae que da forma que muitas pessoas gostam de ouvir e hoje em dia essa expansão, essa força que o público tem, essa fidelidade que o público tem com a gente e que a gente tem com nosso público faz com que outras pessoas queiram conhecer a nossa música. Então o sucesso taí como eu digo. Nas pequenas grandes coisas. A gente vem sendo bem sucedido na forma de trabalhar, na forma de lidar com a música, com nosso público e vice-versa.
J.B: Então o sucesso vem da espontaneidade, na autenticidade do trabalho que vocês fazem? Vem da galera que realmente curte.
H.B: Isso!
J.B: São todos rastafári no grupo?
H.B: Olha... de coração eu posso dizer que são. A gente faz uma música rastafári. Algumas pessoas são ligadas ao rastafári pela música, entendeu? Com a música reggae sendo uma religião e como o reggae vem de rastafári ele é rastafári dessa forma. Eu e o Ras André que tá aqui agora, (que não quis se pronunciar... estava “na dele”) a gente faz parte de um grupo lá no Rio que se chama Congregação Niyabinghi Raiz Rastafári. A gente faz alguns encontros com tambor. Encontro religioso com toque que vem pra batida do coração africano. Retorno à África. E desse grupo também saem oficinas que auxiliam crianças e pessoas mais velhas, né? Desde o começo da banda que a gente é ligado com essa cultura rastafári, que tem muito a ensinar ao povo brasileiro.
João Barreto: Esta é a quarta vez que vocês vêm a Salvador. Alguma observação a respeito do povo ou da cidade ou foram passagens muito relâmpago?
H.B: Várias observações. Aqui chegaram as primeiras embarcações de navios negreiros. Aqui que tá concentrada a maior parte de afro descendentes do Brasil. Isso reflete muito na comida, na música, na forma de viver, na cultura, né? A gente observa que a cultura africana aqui de raiz iorubá é muito forte, e a gente tá tocando aqui pra esse público sentir a vibração verdadeira das nossas raízes. Iorubá mesmo, né?
J.B: É verdade. O que vocês acham do reggae da Bahia?
H.B: O reggae da Bahia tem muito a ensinar, né cara? O reggae da Bahia é muito bom. Como eu disse aqui tem muito afro descendente. A raiz do reggae é da Jamaica e também vem com essa mesma pegada. Temos aí o Edson Gomes e muitas bandas boas. O reggae daqui é autêntico.
J.B: Então o reggae da Bahia é bem visto lá fora?
H.B: Com certeza. E estar sendo bem aceito aqui na Bahia pelos outros músicos das outras bandas e pelo público pra gente é muito bom, muito importante. Gratificante.
J.B: É merecido vocês podem ter certeza disso. Vocês dão um grito importante pra música reggae. Como vocês enxergam o futuro do reggae no Brasil? Vocês que tão dando uma geral em cada canto do país...
H.B: Há um tempo atrás tava um modismo, muitas bandas aparecendo e tal. E agora tá ficando quem faz um reggae verdadeiro, quem veio pra ficar, não querendo desmerecer as outras coisas. É delicado falar disso, mas o que é verdadeiro é o que vai ficar mesmo e o que é falso é o que vai cair, e eu vejo que o futuro do reggae tá caminhando pra ficar cada vez mais fino, cada vez mais peneirado, então vai melhorar. Espero que melhore a qualidade musicalmente e espiritualmente.
J.B: Como a banda compõe?
H.B: Às vezes tem várias formas da gente compor, né? Como meu amigo Ras André (ainda no canto dele. Tranqüilão.) disse uma vez e costumo repetir: a inspiração tá no ar. Basta a gente ir catando, né? Em princípio é dessa forma. A gente pode estar tocando um groove e sair uma letra, ou uma viola, ou já letra feita e depois é só botar a música, a melodia. De diversas formas a gente compõe e faz as músicas. Ela chega pra gente.
J.B: Inspiração é a regra, o momento é o que diz, não é?
H.B: Isso. Exatamente.
J.B: A estrela de Davi é o símbolo da banda, não é isso? Qual a relação da banda com a Estrela de Davi?
H.B: A estrela de Davi que tem um ponto de luz no meio que representa o ponto de equilíbrio que é uma coisa que a gente tá buscando ainda. É o que a gente pode chamar de uma nova era que vai vir nas crianças que tão chegando agora, (...) uma nova informação que a gente quer passar pra essas crianças pra que a gente um dia possa encontrar esse ponto de equilíbrio, e a Estrela de Davi representa o que acontece em cima é o que acontece embaixo; o que acontece embaixo é o reflexo do que acontece em cima, né? Feminino, masculino, o bem e o mal. É o equilíbrio e o ponto no meio.
J.B: Alguma mensagem para os leitores da Notícias Reggae?
H.B: Minha mensagem principal é respeito. Respeito aos seus irmãos, porque a partir do respeito a gente pode começar a amar, né? Começar a ver a luz do próximo, não querer o mal de ninguém, né? Sempre querer o que é nosso, conquistando o nosso espaço, conquistando os nossos direitos, conquistando os nossos irmãos, amigos, né? Fazendo sempre o bem, querendo sempre a paz... e muita música no coração e espírito elevado.
J.B: Hélio, muito obrigado pela oportunidade! A galera do Notícias Reggae agradece bastante!
3 comentários:
otima entrevista
continue assim, companheiro
grande abraço!!!
Estão muito legais suas entrevistas!
Gostei da iniciativa do blog sobre o assunto. Uma forma inteligente de aproximar o público da maneira de pensar dos artistas, que às vezes parecem estar distantes do nosso universo "real".
Eu fiquei muito curiosa em torno da Ponto de Equilíbrio, pois foi o show que eu mais curti na República do Reggae. Senti uma energia muito boa deles e fiquei encantada com a presença de palco do cantor e principalmente com a linda voz dele.
Legal o seu exercício de aproximação com a galera e também a prática da profissão repórter no âmbito musical.
Desejo sucesso no seu blog e já estou favoritando para sempre vir aqui em busca de novidades!
Beijo Grande.
Gica Rodrigues.
Fala nego descarado, se você quiser publicar publique, se não quiser delete.
Quando é que vamos transformar está idéia de blog em coisa proffisional?
Abraços
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